Sunday, March 23, 2008

dos discursos antes de adormecer

"..calculo que o céu tenha desbotado lentamente para ti. Deslizou-te o azul para debaixo dos pés, para a frente dos olhos. Ficou-te de costas para a nuca curvada.
No chão, o Sol ficou-te no Núcleo, a estratosfera no Manto. E no tecto ficaram os montes e vales, as florestas (é lá que agora sopram os ventos).
Verão a tua cara de pânico quando perceberes que demoraste demasiado a dar pela troca, e começares a cair no céu que pisas. O teu corpo vai disparar em direcção ao Sol, os pés para cima, a cabeça a berrar berros como labaredas de fogo de um minúsculo e ridículo foguetão..."


3 comments:

FóMóiRé said...

linkei-te nos meus blogs...
Dá um abraço meu ao Sepúlveda e ao Cezarini ;)

Ninguém said...

Tapetinho a fugir debaixo dos pés, o céu a caír-nos em cima, caír em mim, acordar para a vida, uma bofetada vinda de lado nenhum, acordar a meio do filme...
Chega de disparates...É que quando dei conta...

Huummmmm...Há séculos que não ouvia isto!
Gostei.

Ricardo said...

À terra o que é da terra. Não és mais do que pó e o que és nunca deixarás de o ser. Talvez apenas num sonho ou devaneio tenhas a ilusão de que sejas algo mais.

Mas não te iludas! Ou ludibria-te a ti próprio! E faz do teu sonho a criação de uma míriade de Mundos, de ilusões que façam imaginar outros sonhos, de poemas que fantasmas que transitam pelo seu sonho possam cheirar ao de leve, perdendo-se para sempre na sua cor...