Friday, April 20, 2007

Teoria das Idades - a recuperação.

Sempre achei curioso o facto de o meu aniversário, tal como todos os outros dias do mês, se movimentar ao mesmo ritmo ao longo da semana. Este ano calhou numa sexta, para o ano calha num sábado, e assim por diante. Nos anos bissextos, o dia da semana não muda.

É claro que isto tem uma simples explicação matemática, tal como é claro que este dilema é daquele género que assalta qualquer pessoa que começa a usar minimamente os neurónios de uma forma inventiva, o que acontece ainda em criança.

Mas esqueçamos isso.

A ideia é passar a contar a idade das pessoas pelo movimento dos dias do seu aniversário.

Um exemplo:
A criança X (raio de nome para uma criança) nasceu na quinta-feira, 19 de Maio de 2005.
O primeiro aniversário da criança X será na sexta-feira, 19 de Maio de 2006.
Assim, em vez de dizermos "X faz um ano, que lindo.", dizemos "X tem um dia, que amoroso."
À luz desta nova abordagem, o termo aniversário perderá o sentido, uma vez que não é de anos que estamos a falar. Quanto muito poderá falar-se de "regresso ao dia de nascimento" o que dá até um ar um pouco divino à coisa.

A vida passará então a ser contada não em anos, mas em dias ou semanas.

Se as vantagens podem não ser obvias considerando crianças, tomemos em linha de conta alguns exemplos:

- O Francisquinho tem uma semana.
- Um cantora pop tem três semanas (e não mais)
- A avó faz amanhã dois meses. (nas avós é permitido o recurso aos meses, já que podem não se sentir confortáveis com os números grandes, que poderiam ser interpretados como sinónimos de velhice).

Uma vez que a sociedade ocidental gosta de números ditos "redondos", a importância dos aniversários clássicos (16, 18, 21, 50, 100) seria transferida para outras datas na nova nomenclatura:

- 1, 2, 3 semanas.
- 1, 2, 3... meses.

Isto acarretará, necessariamente, alterações à sociedade de consumo, uma vez que o ritmo de compra se modificará mediante a relativização da importância das anteriores idades-chave.

Os anos bissextos, ao manterem a posição das datas nas semanas na maior parte dos dias do ano, deverão ser considerados uma benesse da ciência no sentido da eterna juventude. A fonte está claramente seca, mas como se pode ver, há pequenas consolações.

A esfera de influência, o raio de acção desta nova abordagem, chega também a outras àreas, como por exemplo, o cinema.

O filme 9 semanas e meia, protagonizado por Kim basinger e Mickey Rourke em 1986 é disso o exemplo mais flagrante.
Repare-se:
Nove semanas e meia correspondem a 66.5 dias. Procedemos ao arredondamento para 67 dias.

Contemos agora com os anos bissextos:
O primeiro que temos antes de 1986 foi 1984. Aos 65 dias, portanto.

65/4 é aproximadamente igual a 16. Ou seja, ao longo das nove semanas e meia, houve 16 anos bissextos.

Portanto, devemos acrescentar 16 anos aos 67 do titulo do filme, ou seja, 83.

1986 - 83 = 1903

Factos relevantes que tiveram lugar em 1903:
O primeiro espectáculo de moda americano (Nova Iorque)
Foi comercializado o primeiro pacote de férias na neve (Adelboden - Suiça)
O primeiro torneio internacional de Ténis na Hungria (ganho pelo britânico J. G Ritchie)

A relevância de todos estes eventos, aos quais o filme faz uma velada homenagem, ajudam a explicar o porquê da falta de qualidade a variadissimos niveis, o que faz com que o filme seja apenas recordado por causa de um senhor barbudo que canta uma música sobre chapéus.

E pouco mais.

(Fora anos bissextos, o senhor barbudo afirma ter cerca de oito semanas e seis dias. A caminho das nove semanas e meia, portanto..)

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