Thursday, October 18, 2007

A máquina.

O dia chegará, em que uma pessoa que perca um botão, perderá também uma faculdade motora qualquer.
Por exemplo: se cair um botão do casaco à senhora X, ela será incapaz de bater palmas até chegar a casa e o coser novamente.

Podia ser verdade.

Na sua versão original, a letra do "Atirei o pau ao gato" não previa a repetição da última sílaba de alguns versos ("atirei o pau ao gato-to, mas o gato-to, não morreu-eu-eu..").
Esta repetição, que toda a gente faz como se estivesse na letra, explica-se por um motivo muito simples:

A primeira gravação desta música popular, foi feita em directo para um programa de rádio nos anos '30, por um grupo de cantares de uma pequena aldeia da Beira Alta. A performance teve lugar no salão de festas da aldeia, onde as condições acústicas não eram as ideais. Daí resultou um eco nalgumas partes da canção.

Assim, o "Atirei o pau ao gato" que todos cantamos hoje, mais não é do que o resultado de um erro de captação.

Só para acabar com o assunto...

E na última página, lá estava ele,

"Your moment of Zen..."


Wednesday, October 17, 2007

Viagem a 1969.

Sempre tive uma relação dificil com o Tintim. O homem sempre me pareceu digno de embirração. Aquele ar de gajo que é incapaz de pedir sequer um copo-de-água ao balcão, e que fica com os créditos todos por resolver "mistérios" de forma invariavelmente fortuíta. Pelo meio costuma haver uma situação potencialmente mortal para ele, em que é salvo por Milou, o cão que toda a gente acha que é uma cadela, e se calhar têm razão.

Ok, talvez as coisas não sejam exactamente assim. Mas eu disse que embirrava com o Tintim.

No entanto, se o vir na rua, até lhe dou uma palmadinha nas costas.


Nos anos '60 e '70 publicou-se em Portugal a Revista Tintim. "A revista dos jovens dos 7 aos 77 anos", juntava algumas histórias de BD de vários autores, à razão de duas páginas por semana para cada história.



Este é o número 19, de 4 de Outubro de 1969, e custava na altura 5$00. Está já devidamente assassinado a golpes de caneta, naturalmente. Incluia os seguintes:
"Strapontam contra Aranhex", "Astérix - O Combate dos Chefes","Taka Takata" ,"O Incrível Désiré","Achille Talon","Cubitus","Lucky Luke - Pedro Cucaracha e os Pés-Azuis","Michel Vaillant - Rallye em Portugal" e (claro) "Tintim no Tibet".






Para além das histórias (e isto é que interessa) havia também passatempos e uma parte de correio do leitor intitulada "Tu escreves... Tintim responde."


O que realmente me cativa aqui é a inocência transbordante. Talvez ainda fruto do lápis-azul, as cartas parecem todas escritas por miúdos de calções amarelos e joelhos esfolados. Por exemplo, o trecho transcrito agradece o osso (!!) que o leitor enviou ao Milou... numa carta mais adiante, responde-se a um Zeca e termina-se assim: "como são vários os Zecas que me têm escrito ultimamente, referencio que neste caso, trata-se do morador da Rua Visconde de Santarém" - hoje em dia já ninguém se pode chamar Zeca e dizer onde mora; e há quarenta anos atrás já havia o problema das traduções, com um autodenominado "Tintinzão de 30 anos" (mais parece nick do MIRC) a queixar-se da diferença entre o título em Português da história do Lucky Luke e o título original "Alerte aux Pieds bleus".
A personagem Tintim responde na primeira pessoa, o que até funciona bem. Lembro-me que em miúdo acreditava que era realmente o Tintim a responder às coisas, e que interpretava o desenho mais como uma fotografia do que outra coisa ("que giro... o cão lambe cartas").

A estreia de uma nova BD na revista - "Os Franval - Caçadores sem armas" merecia também destaque. Os primeiros esboços de uma consciência ecológica surgiam com a história de uma família que luta em África para acabar com a caça. Pelo meio há o cenário do Pós-II Guerra Mundial e os necessários Alemães como maus-da-fita, nesta fase da história ainda escondidos.

Mas isto levanta-me uma questão: passam a história toda a mandar vir com os Alemães, com o mito da raça ariana, etc... mas depois as crianças da familia são todas loirinhas de olhos azuis.


E já agora... tem um belo chapéu Sr. Franval. Essa pele de leopardo realça-lhe os olhos e os seus ideais ecológicos.

Monday, October 15, 2007

Facto e questão.

Facto:
As retrosarias são estabelecimentos frequentados na sua larga maioría por pessoas de idade.

O que me leva a perguntar: se as retrosarias são frequentadas por pessoas de idade, afinal o nome faz mais sentido relativamente aos produtos que se vendem lá, ou às pessoas que os compram?

Sunday, October 14, 2007

Trabalho.

Tinha sido o primo a aconselhar-lhe aquele trabalho. Um amigo também o tinha feito e até o meteram logo na Alemanha. A coisa fôra de tal maneira que nunca mais ninguém lhe tinha posto a vista em cima. Mais tarde o supervisor diria que o tinha visto com uma alemã loura a desaparecer numa carrinha descapotável.
Assim disseram ao primo. Assim o primo lhe disse a ele. Por isso candidatou-se.
Desconfiou quando o aceitaram logo:
- Apareça amanhã. Começamos já com a formação. – dissera-lhe a entrevistadora com um sorriso. – O nosso dress-code é branco.
“Branco?..”, pensara.
No dia seguinte lá foi, vestido de branco. Foi recebido pelo chefe do departamento que o convidou para o pequeno-almoço.
Depois, tudo o que se lembra é de já estar lá dentro. Lá, no plástico.
Percebeu logo que ia ficar lá muito tempo. Aconchegou-se. Passou muito e muito tempo no escuro…
A luz, o voo, a queda…
Sentiu a água envolvê-lo. A dor nem chegou a mordê-lo. Não lhe entrou na cabeça. Consumiu-o imediatamente.
Enquanto se sentia efervescer no copo, pensou no primo, no amigo do primo, na alemã loura e na carrinha descapotável.
Sempre fora um Alka-Seltzer honesto.
Se não fosse morrer ali naquele momento, no dia seguinte não apareceria no trabalho de branco. Iria de amarelo, como o primo, que é suplemento de vitamina C.

Monday, September 17, 2007

As melhores fugas de sempre em Portugal.

No primeiro dia útil desde a entrada em vigor do Novo Código Penal, a suposta lista de criminosos que podiam vir para as ruas marcou a Actualidade. Por todo o lado era o pânico, e os mais sensacionalistas esfregaram as mãos.

No entanto, a RTP esteve em grande:
Decidiu ignorar o assunto e falou da transladação do corpo de Aquilino Ribeiro para o Panteão Nacional. E que grande marco da vida do escritor decidiram realçar?
A sua fuga à prisão em 1928, com uma serra escondida numa bôla e um charuto de oferta para o guarda.

Foi bom, mas tive pena do Álvaro Cunhal: afinal, no ano de 1960, ele fugiu da Prisão de Peniche utilizando como veículo de fuga o carro do Salazar.

Falecido em 1963, Aquilino terá assim visto o seu record da melhor fuga de sempre ser batido.

Monday, September 10, 2007

Casal McCann processado.

O Seguro privado de Saúde e Assistência Médica Médis vai processar o casal McCann. A razão é a semelhança fonética entre o nome do serviço e o da criança desaparecida, que no entanto, os responsáveis da marca deixam fora da questão...

O casal inglês defende-se: "seria como se uma publicação semanal decidisse processar todas as Marias do vosso país..."

Já agora:

"Querida Maria,

Ando a escrever posts de gosto discutivel no meu blog. Estarei grávido?"

Tuesday, September 4, 2007

Olhar.


Um homem cujo cérebro não consegue colocar no seu devido lugar os conteúdos do Mar, do Céu e da Terra, leu as 20.000 léguas submarinas em jovem e imaginou o Nautilus a navegar por entre planetas, vê aviões a brotar do chão e aldeias a adivinharem-se nas nuvens de uma tarde de Outono.

Será também um homem com muitos sonhos. De entre eles, o mais importante, aquele que o move na vida e que o faz superar-se, é ser o primeiro humano a chegar a Marte. Não percebe como nunca ninguém o fez… afinal, longe dos grandes projectos a dezenas de anos e de toda a ciência necessária, basta saber furar as ondas de qualquer praia e ter vontade de nadar até às estrelas.

Monday, September 3, 2007

Fonte de Saber.

Numa pesquisa sobre o turismo na Região Demarcada do Douro (a mais antiga do Mundo, com mais de 250 anos de existência), encontrei um site que pode dar muito jeito para as conversas de café.

Sem mais, apresento-vos uma útil ferramenta para o dia-a-dia:

http://www.portoxxi.com/entretenimento/curiosidades.php?pagina=2&tipo=Estatisticas

Com os melhores cumprimentos,
Jota