Tuesday, July 24, 2007

Eu quero ser redactor de destacáveis!

Há dias, cruzei-me com uma "oferta" na assinatura de uma revista semanal séria. Nas páginas centrais, onde outras publicações colocam fotografias discutiveis, aquela mostrou-se uma adepta do clássico ao não prescindir de um pequeno rectângulo de cartão.
Com uma letra diminuta, o cartão versava sobre o Mundo maravilhoso ao qual acediam todos aqueles que, num momento de brilhantismo, assinavam a dita revista.

Há sempre algo que os meus olhos buscam nestes momentos: as ofertas.
A "Visão" ofereceu durante muito tempo, com a sua assinatura, uma agenda de bolso, tipo calculadora-com-mais-botões. Eu, que nem adolescente era, achava aquilo o máximo.

Um dia, não sei porquê, apareceu-me uma coisa dessas lá em casa. Sem pilha (ela) e sem vida pessoal (eu), o objecto caiu primeiro em desuso e depois em desgraça até ao esquecimento.

Excitante é o texto que oficializa o momento da assinatura:

"SIM, desejo receber em minha casa a assinatura da revista X, válida para doze meses. Não enviarei todo o dinheiro agora, porque tenho a possibilidade de pagar em em suaves prestações. Receberei também a colecção "Civilização Egipcia" e como oferta, o meu busto de Tutankamon, em verdadeiro plástico Chinês."

Fora o plástico chinês, tudo o resto está próximo da realidade. Aliás, este é um texto que pouco varia ao longo dos anos, com as escassas alterações a serem devidas ao "stock limitado" da dita "oferta".

O hipnotismo destes textos é incrivel. Em vez de um "Sim" como resposta à pergunta "Deseja assinar a revista?", estes génios põem toda uma frase (enorme) de louvor à publicação e seus apêndices.

Mais adequada seria talvez:

"SIM, desejo assinar a vossa revista. Como não tenho outro remédio, enviem-me também a merda da colecção sem qualquer rigor cientifico que vocês oferecem com essa porra. Aproveitarei a colecção para encher as prateleiras vazias da minha sala e assim ficar com uma casa tão pedante quanto eu. Mas bom mesmo seria se enfiassem a "reliquia" por onde o Sol não brilha."

Talvez por isso não seja eu a escrevê-los. Isso caberá possivelmente a um velho de barba grisalha, mais maduro e ciente do seu poder de colocar palavras na boca dos outros. Para ele bastaria:

"SIM, desejo adorar a quem escreveu este texto. Não enviarei dinheiro agora, apenas o meu amor servil de discipulo."

Digam-me que isto é uma montagem...
Quem é que me pôs à frente do blogue a estas horas?

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